Curare: de veneno à antídoto
- Natália Lopes
- 1 de mar. de 2016
- 2 min de leitura

O poderoso veneno dos indígenas da América do sul usado nas pontas das flechas para a caça, com o intuito de imobilizar a presa é, agora, uma droga paralisante usada em pequenas doses para relaxamento muscular, além disso, a descoberta dos efeitos do curare no sistema nervoso foi uma marca para a prática da anestesia, o que abriu caminho para a descoberta de relaxantes musculares melhores e mais seguros.
Qual o mecanismo de ação do curare? Porque isso resulta em paralisia muscular?
Essa substancia, que é uma mistura de ervas que era guardada em sigilo pelos índios amazônicos, é derivada de vários alcaloides principalmente da curarina e da tubocurarina. Se trata de um potente bloqueador da musculatura estriada, agindo como antagonista competitivo da acetilcolina, uma vez que, compete com esta pela ligação aos receptores nicotínicos da placa terminal. Dessa forma, por meio do bloqueio, esses receptores não sofrem despolarização, e, assim não irão se abrir para a entrada de íons sódio para o interior da fibra, que iriam provocar potencial da placa motora. Esse potencial se trata de uma alteração da membrana da fibra muscular que por sua vez, levaria a um potencial de ação na membrana muscular, gerando a contração do músculo.
Em virtude de o primeiro princípio ativo que teve esta ação ter sido o curare, tornou-se comum chamar todos os bloqueadores neuromusculares não despolarizantes de curares, seu efeito bloqueador de curarização e sua antagonização de descurarização. Depois da introdução dos relaxantes musculares, a anestesia foi redefinida como uma tríade de narcose, analgesia e relaxação muscular.
Assim, apesar de sabermos que os índios não tinham conhecimento das junção mioneurais e dos receptores de acetilcolina, entendemos que através da sua técnica foi possível desenvolver bloqueadores neuromusculares que revolucionaram a prática da medicina. Hoje, essas substâncias produzidas a partir do curare constituem um dos pontos principais da anestesia moderna pois facilitam a intubação traqueal, promovem o relaxamento do campo operatório e facilitam o controle da ventilação.
Referências:
de Fisiologia Médica, Tratado. "Guyton & Hall, 12ª edição." (2011).
Morais, Bruno Salomé de, et al. "Residual neuromuscular block after rocuronium or cisatracurium." Revista brasileira de anestesiologia 55.6 (2005): 622-630.
Margotto, Paulo R. "USO DO CURARE NA UTI NEONATAL."
Imagem:
http://direitasja.com.br/2012/08/23/a-conquista-do-brasil-parte-v/
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